domingo, 6 de setembro de 2009

Oscar Wild

Oscar Fingal O'Flahertie Wills Wilde (Dublin - 1854 / Paris - 1900).

O Mestre.

Quando as trevas começaram a cair sobre a Terra, José de Arimatéia acendeu uma tocha de pinheiro e desceu da colina para o vale. Tinha o que fazer em casa. E ajoelhando-se sobre as pedras do vale da Desolação, viu um jovem que estava nu e chorava. Seus cabelos eram da cor do mel e seu corpo tão branco como uma flor. Mas ferira o corpo nos espinhos e sobre os cabelos pusera cinzas, à guisa de coroa.
E José, que possuía grandes virtudes, disse ao jovem que se encontrava nu e chorava:
- Não me admira que o teu sentimento seja tão grande, porque, realmente, Ele foi um homem justo.
E o jovem respondeu:
- Não é por Ele que eu choro, mas por mim mesmo. Eu também mudei a água em vinho, curei o leproso e restituía a vista ao cego. Andei sobre as águas e das profundezas dos sepulcros expulsei demônios. Alimentei os famintos no deserto, onde não havia comida; ergui os mortos dos leitos exíguos e à minha ordem, diante de imensa multidão, uma figueira seca novamente frutificou. Tudo que esse homem realizou eu também realizei e, todavia, não me crucificaram.

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O Díscipulo.

Quando Narciso morreu, a taça de água doce que era o lago dos seus prazeres converteu-se em taça de lágrimas amargas e as Oréadas vieram carpindo pelos bosques a fim de cantar para ele, consolando-o.
E quando perceberam que o lago se transmudara de taça de água doce noutra de lágrimas amargas, desgrenharam as tranças verdes do seus cabelos e disseram:
- Não nos admiramos de que pranteeis Narciso dessa maneira. Ele era tão belo!
- Narciso era belo? – indagou o lago.
- Quem sabe melhor do que vós? – responderam as Oréadas. Ao cortejar-vos, ele nos desprezava, debruçado às vossas margens mirando-vos, e, no espelho de vossas águas, contemplava a própria beleza.
E o lago retrucou:
- Eu amava Narciso porque, quando ele se debruçava sobre as minhas margens para contemplar-me, eu via sempre refletir-se no espelho dos seus olhos a minha própria beleza.

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Autor de 'O retrato de Dorian Grey', seu unico romance, também publicou contos, novelas, escreveu dramas para o teatro e até escreveu poesias. Além de grande escritor é fundador do 'esteticismo, ou dandismo, que defendia, a partir de fundamentos históricos, o belo como antídoto para os horrores da sociedade industrial, sendo ele mesmo um dandi.'. (Wikipédia)

Salve Dandi.

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